(Parte 15)
Após estarem munidos e informados de todo o necessário para retirarem o dinheiro no aeroporto em São Paulo, Jessie e Pedro pegaram as chaves do Tenório. A contragosto ele disse onde estava seu carro. O casal de jovens fez uma reunião rápida, mas muito importante, do lado de fora da casa, e decidiram sobre o futuro do “Nordestino”. Só então o Pedro foi buscar o Corolla do homem. Na volta ele o estacionou no terreiro, próximo à entrada da sala. Minutos depois eles voltaram para a cozinha e o ex-policial demonstrou preocupação com um balde plástico nas mãos de Pedro, e o cheiro forte de gasolina. A garota empunhando a faca de caça aproximou-se dele.
— O que vocês pretendem fazer? — perguntou o homem temendo pelo pior.
— Um churrasco — respondeu Jessie com sua frieza incomum.
O rapaz começou a espalhar a gasolina pela casa, enquanto o Tenório quase em desespero disse que a garota estava louca, eles tinham um acordo, ela e o rapaz seriam donos de uma pequena fortuna e ainda poderiam ganhar mais.
— Dentro do forro de uma das maletas tem um Pen drive contendo nitroglicerina pura, são gravações, fotos e vídeos incriminando meu patrão por lavagem de dinheiro, suborno, pagamento de propinas, entre outros. Também contém som e imagens de políticos graúdos em atos de corrupção, recebendo propinas, formação de quadrilha e todas essas merdas que vemos hoje em dia. Vocês ganharão duas vezes mais vendendo o conteúdo para uma rede de TV, por exemplo.
— Se fizermos isso, mesmo anonimamente, seríamos mortos antes do escândalo ser noticiado, ou então você já teria feito isso, né espertão? — Chega de papo, sua hora chegou.
Tenório gritou sobre ela ter dito que não o mataria.
— Você não entendeu, o acordo era que eu te soltaria.
Ela cortou lentamente o pescoço do homem, e ele ainda conseguiu pronunciar: "PUTA VAGABUNDA" em tom de ódio mortal antes de tombar a cabeça sem vida.
Jessie cortou e tirou a fita que prendia o corpo dele ao pé da mesa, também a dos tornozelos.
— Pronto, querido, está solto.
Ela fez o mesmo com o concierge, e sem demora começou a tirar suas roupas manchadas de sangue, não pretendia levar o DNA de suas vítimas consigo. Tirou primeiro a saia e a jaqueta. O Pedro retornou para o interior da cozinha, ia perguntar se ela já havia acabado com a sua chacina particular. A cena macabra do pescoço cortado do Nordestino e dos dois cadáveres banhados em sangue, chamou tanto a atenção do rapaz como a moça em trajes menores. Parou por um momento para admirar a beleza de sua parceira. Apesar de tê-la visto nua N vezes, e da transa que tiveram por quase uma noite toda, a visão dela naqueles trajes íntimos e sensuais era algo novo e fenomenal. A jovem atraente estava divinamente vestida apenas com o corpete, calcinha, meias ?, cinta liga e sapatos; todos pretos. Ela deu um sorriso malicioso ao vê-lo quase babando, se despiu do corpete e começou a retirar a meia a enrolando em direção aos pés. Os seios nus suspensos em seu corpo curvado era um convite ao prazer.
— Não é hora disso, a gente pode fazer depois — disse ele fazendo graça.
— Seu bobo, a gente até teria tempo para uma rapidinha, mas eu só estou me livrando das evidências que poderiam foder com a gente.
Só de calcinha e sapatos ela caminhou até a janela sobre a pia e puxou uma cortina, enrolou o tecido colorido em seu corpo na altura dos seios como se fosse uma saída de praia.
A dupla terminou de encharcar tudo com gasolina, inclusive os corpos e roupas. Incendiaram a casa, também o carro do Tenório e se evadiram do local.
Vários quilômetros adiante eles pararam na rodovia quando estavam sobre um rio. Jogaram na água os calçados usados na ação e as duas armas do Tenório e Maciel. Tiraram a fita isolante que alterava a placa do Santana e depois partiram rumo a São Paulo.
Uma hora antes, na reunião ocorrida entre os dois no quintal da casa, eles decidiram sobre o destino do Nordestino. A Jessie convenceu o Pedro de que eles nunca estariam seguros enquanto os dois inimigos estivessem vivos. Ele concordou, pois com o pouco contato tido com ambos, percebeu o quanto eles eram bandidos, perigosos e dissimulados.
Naquela mesma noite, um carro chegou ao Balneário Camboriú trazendo quatro capangas do empresário. Os caras já haviam obtido inúmeras informações sobre o concierge ao seguirem sua pista desde Campinas até Itajaí. Adentraram a casa noturna à procura da Stripper, questionaram alguns funcionários e chegaram até a dona do Pálio. Ela disse ter visto a colega há pouco mais de uma hora, saindo da casa de shows na companhia de um estranho que havia se apresentado como policial. O chefe daquele grupo de busca pediu para ela descrever o indivíduo.
Na sequência, um dos seguranças da casa também confirmou os detalhes da fisionomia e seu ponto de vista: “jeitão nordestino, cabra macho”. Concluiu dizendo que o homem levou a Paola para o interior de um Corolla cinza e foram em direção ao sul.
Um dos profissionais havia feito a lição de casa, disse que ao sul ficava Itapema, era onde o concierge havia morado com a mãe, dona Inês. Olhou a localização nas suas anotações e saíram no gás.
Continua…