Após tomarem o desjejum, o Pedro foi ao centro da cidade, no largo do Paissandú. Na praça acontece uma "feirinha do rolo" onde se vende produtos contrabandeados e também furtados em sua maioria. A feira ilegal existe há anos, mas parece não incomodar as autoridades; funciona a menos de vinte metros de uma base móvel da polícia militar. Ele circulou entre garotas na batalha diária de vender sexo por míseros reais, também entre "comerciantes autônomos" vendendo eletrônicos, acessórios, roupas e tênis usados retirados à força de vítimas de roubos.
Não demorou e ele foi abordado por um cara lhe oferecendo um celular de última geração pelo valor de R$100. Após uma negociação ele testou o bagulho e pagou R$50 pelo aparelho.
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Notícia de um jornal online da localidade de Itajaí:
“Corpo de Stripper desaparecida é localizado
Uma mulher de nome Paola, stripper em uma casa noturna situada no Balneário de Camboriú e desaparecida há dois dias, foi localizada sem vida em Itapema, próximo de uma casa na rua do Carmo, incendiada no último sábado, dia 24, em circunstâncias desconhecidas e vitimando duas pessoas. O corpo foi encontrado por um morador local enquanto levava seu cavalo para pastar em um matagal vizinho à residência. Segundo a polícia, a vítima apresentava marcas no pescoço similares a estrangulamento por um fio de aço. Não foi informado se a vítima sofreu abuso sexual ou se tem relação com a casa incendiada.”
Ainda em Santa Catarina
A Polícia Técnico-Científica havia identificado um dos corpos queimados na casa em Itapema como sendo de Maciel Neri Messina, filho de Inês Messina, proprietária da casa. As autoridades informaram que não foi possível identificar a segunda vítima. Isso não era verdade, os técnicos identificaram o outro cadáver: Tenório Evangelista Bastos, policial demitido em SP, no entanto, foram ordenados pelos seus superiores a deletarem os registros. Não era conveniente ter a identidade do sujeito revelada.
O ex-policial civil de São Paulo (Tenório) foi enterrado como indigente.
Em um bairro nobre da capital paulista
O industrial estava possesso desde quando fora informado da participação do Tenório naquela trama.
— Porra, seus incompetentes! — como não desconfiaram do envolvimento desse segurança filho da puta?
O esporro sobrou para toda a equipe de segurança e policiais financiados pelo homem.
— Eu não aceitarei mais nenhuma desculpa, exijo resultados imediatos. Achem logo a vadia e o meu dinheiro!
O policial Breno Glock, em posse das últimas informações, estava compondo o quadro para chegar aos executores dos dois homens. No dia da perseguição do Santana não conseguiram identificar o rapaz, o autor dos disparos, muito menos o motorista, em razão dos vidros escuros. E a placa do veículo era clonada. O investigador refazia a sua linha de pensamento: “Dei mole ao subestimar a garota de programa e seu parceiro de fuga, eles sempre estiveram um passo à frente de todos nós. Ou são apenas sortudos, ou são bons no trabalho. E o dinheiro? Provavelmente está em poder deles.” Pensou.
O Pedro chegou em casa e, como havíamos combinado, desde a aquisição do celular deixou o aparelho desligado e até retirou a bateria.
Eu fiz a minha parte, comprei um chip pré-pago em uma banca de jornal em um bairro próximo, e também encontrei em meus arquivos armazenados na nuvem, o CPF e demais informações válidas de duas pessoas.
— Vamos dar uma volta longe daqui, colocamos o chip e você liga para habilitar o negócio — falou Jessie para o parceiro.
Paramos em uma pracinha e o Pedro ligou para a operadora, habilitou o chip usando as informações de um dos dois “laranjas” que consegui. A seguir fomos até uma banca de jornal colocar créditos.
Voltamos para a praça, conectei o Pen drive ao Smartphone e enviei as fotos e áudios para os e-mails sugeridos nos rodapés de páginas de publicações online voltadas principalmente à política de esquerda. Já os havia analisado com carinho no dia anterior. Os vídeos, cópias dos áudios e fotos enviei tudo para um serviço gratuito de armazenamento em nuvem criado com uma conta fake. Os links para acesso também foram enviados para os e-mails das mesmas publicações online. Deixamos de fora o material que evidenciava a condição de amantes do Tenório e sua patroa, pois o marido seria capaz de matá-la e, morta, ela não me serviria de nada.
Desmontamos o celular após jogarmos aquela bomba na rede. Continuamos a caminhar até estarmos sobre uma ponte do rio Tietê e atiramos celular, bateria e chip dentro d'água. O Pen drive ficaria guardado no interior da gola do meu colete jeans.
Liguei para a patroa em um número conseguido no celular do Nordestino, informei-lhe do assassinato do seu amante. Menti dizendo ser a mando do seu marido, pois o empresário foi roubado pelo segurança e desconfiava dele ter conseguido informações privilegiadas em sua própria casa. Todavia, não era certo que o chefe tivesse conhecimento do caso entre ela e o Tenório.
Acredito ter dito o suficiente para deixá-la com ódio e medo do marido. Avisei para ela ficar esperta, o aviso foi sincero.
A mulher não conseguia acreditar que seu amante estava morto, direcionou toda a sua raiva contra o marido. Também considerou o risco que corria pedindo a si mesma para se controlar, porque se o caso entre ela e o segurança viesse à tona, o empresário a mataria. Ela pensava em vingança, e agiria, não importando quanto tempo demorasse.
O material enviado e disponibilizado por Jessie e Pedro viralizou na internet. Durante dias foi o assunto principal em todos os veículos de comunicação. Investigadores confirmaram suas suspeitas levantadas de que o empresário, representante de um grupo comercial, fraudava licitações efetuando pagamentos de propinas no valor de milhões a políticos, referentes a concessões de rodovias.
Jessie não estava completamente satisfeita, em razão de não ter conseguido devolver pessoalmente, e na mesma intensidade, as agressões sofridas a mando do empresário. Seu desejo era ter dado ao homem, o mesmo fim que dera aos comparsas traidores. Mas a moça vingativa pensava em deixar quieto o assunto para não perder o parceiro.
Ela acordou carinhosa na manhã seguinte, a moça parecia ter aberto novamente o seu coração e também o seu corpo para relações sexuais por prazer. Ela provocava seu parceiro trajando roupas sensuais e se exibindo para ele. As transas com o Pedro passaram a ser constantes.
Ambos estavam nus na cama após adormecerem logo na sequência de mais alguns momentos gratificantes de intensidade sexual. Jessie acordou seu parceiro fazendo carícias em seu membro.
O Pedro olhou para ela com carinho e beijou seus lábios.
— O caso da vingança está encerrado, eu prometo — disse a jovem surpreendendo o parceiro.
De olhar super satisfeito ele a abraçou e o beijo foi carregado de alegria e tesão. Ao sentir seu membro em fase de ereção, a moça o puxou para cima dela, dobrou e abriu as pernas recebendo seu amante no vão das suas coxas. Ele deu uma leve umedecida no pênis e introduziu na vagina já toda úmida.
Ahh, garoto! Como você consegue ser tão gostoso? Pensou ela com um sorriso e mexendo no ritmo das estocadas recebidas em seu sexo.
Ah, Jessie, se você soubesse o quanto eu te amo! Pensou o rapaz. Ele ainda não havia dito isso a ela, por medo de parecer infantil.
A química entre os jovens amantes era tamanha que o gozo de um induzia ao gozo do outro satisfazendo a ambos por completo a cada transa praticada. Ficou evidente que a parceria deles também obteve sucesso total na cama.
Mais tarde
— E então, vamos seguir juntos para algum outro lugar em busca de diversão?
Eles já haviam conversado sobre continuarem a parceria, a exigência do Pedro era que a companheira deixasse definitivamente seus atos de revanche. Ademais, segundo ele, já haviam feito o suficiente divulgando as provas e ainda ficaram com muito dinheiro cada ao dividirem o milhão de dólares meio a meio. Jessie também dividiu com ele o valor conseguido com o Maciel. Possuíam o bastante para curtirem a vida por um bom tempo.
— E pra onde você está pretendendo ir? — perguntou ele.
— Pensei em passar uma temporada na Bahia, Salvador, o que acha?
— Nunca estive lá, mas gosto da ideia de ir para o Nordeste, não gostei do frio do lado de cá.
— Então bora fazer as malas, mas antes vamos fazer uma coisa bem triste, daremos um perdido no meu bichão, o Santana, pois a turma do mal deve estar atrás dele.
A especialidade do Pedro era motocicleta, mas ele sabia como deixar um carro irreconhecível tirando peças e apagando números. Depois eles queimaram o veículo às margens da represa de Guarapiranga.
Os dois jovens ainda não sabiam, mas teriam um refresco no ato de fuga constante, uma vez que os capangas continuaram, sim, tentando encontrá-los através das pessoas relacionadas ao Maciel, mas as coisas complicaram para o empresário depois da divulgação do conteúdo do pen drive. Precisou afrouxar a atenção "no caso da vadia", conforme ele dizia, e dedicar-se na defesa de acusações pesando sobre ele. Também na eliminação de laranjas.
Mas o policial Breno Glock não desistiu do caso, investiu seu tempo e recursos na busca do jovem casal, afinal, era quase certo de eles estarem na posse de um milhão de dólares em espécie. Era uma quantia considerável para um simples policial civil.
Continua…