Bom dia, seus putos!
Vou completar o relato dos lances com Omar e seus amigos (confiram ‘Minha formação sexual: fiz a festa com o coroa nerd bundudo e seus amigos (parte 1)’ e ‘Minha formação sexual: fiz a festa com o coroa nerd bundudo e seus amigos (parte 2)’).
Depois que Nonato saiu de cena, por motivos que não vêm ao caso, Omar parecia ter entrado numa vibe diferente. Não tinha mais o "afilhado" e seu séquito de garotões interessados em qualquer coisa, mas, de alguma forma, se sentia livre e desimpedido, soltinho para se arrumar com outros jovens viris e outros amigos dos velhos tempos. E, entre uma e outra categoria, lá estava eu para uma visita esporádica.
Quando cheguei, Omar me apresentou a Abelardo, um sujeito gordo e cabeludo, mais velho do que Omar. Eles pareciam se conhecer há muito tempo, e logo ficou bem claro que Abelardo não tinha ido visitar o amigo só pelos atrativos turísticos do interior.
Isso ficou claro depois do almoço, quando ficamos conversando só nós dois enquanto Omar tirava um cochilo no outro quarto. Na hora, pareceu casual, mas hoje imagino que Omar, muito caridoso com Abelardo, me serviu de bandeja para o amigo. Deitados na cama, Abelardo jogou aquele papinho pseudo-esotérico para se mostrar inteligente. Mas era puro pretexto. É claro que ele estava a fim de mim. Não fazia exatamente o meu tipo (hoje em dia, muito menos), mas acabou rolando alguma coisa entre nós. O sujeito compensava a falta de corpo com um jeito sensível e um cuzão quente e profundo.
Rolaram outras coisas naquele fim-de-semana; o importante mesmo é que acabei marcando para encontrar Abelardo em outro dia num local bem diferente. Aí rolou de novo, e descobri que o cara gamou. E queria que eu morasse com ele. Não esperava aquilo; não tinha consciência das reações que poderia despertar num coroa carente e sonhador. Disse que ia “pensar” e tirei Abelardo da minha lembrança.
Tempos e tempos depois, volto à casa de Omar. E adivinhem quem eu encontro lá?
Nunca confirmei a hipótese, mas tenho quase certeza de que Abelardo foi avisado por Omar de que eu estaria lá, e eu não teria como escapar dele. Felizmente, Omar tinha mais companhia do jeito que ele gostava.
William, negro, comprido, corpinho de jogador de time sub-20. No calor, vestia só um short. Ficou de olho comprido em mim desde que entrei, mas, muito tímido, não comentou nada. Mas eu “seria” de Abelardo naquele dia. A não ser que não fosse.
Depois de um churrasco e um filme na TV, fiquei na sala e Abelardo foi para o quarto descansar. Estava à minha espera, mas não era algo que ele fosse revelar aos quatro ventos. Em frente à porta do banheiro, esbarrei com William que estava saindo, eu sentindo aquele corpo gostoso roçando no meu. Nossos olhares se encontraram. Olhei para os lados e empurrei William para dentro do banheiro, onde nossos shorts não ficaram no lugar por muito tempo.
E onde estava Omar nisso tudo? Provavelmente estava esperando que William fosse lá para os braços dele. Mal sabia que Abelardo também tinha sido deixado no váculo. E que, depois daquilo, Abelardo ficaria me enchendo o saco perguntando se eu tinha comido William - que ele tratava como um intruso qualquer. Na maior cara de pau, disse que não tinha rolado nada. Abelardo meio que abusava do direito a ser chato, mas nada tinha feito para merecer ouvir uma mentira - se é que alguém merece.
E Omar, nunca mais encontrei. O que posso ter contra outro cara, como eu, focado em curtir a vida intensamente? Mas já podia deduzir o que o futuro guardava para um homem maduro solteiro circulando de carrão pelas comunidades populares na busca incontrolável de jovem companhia masculina.
Pois, anos depois, encontraram o corpo na beira da estrada. Era para ter sido só um cadáver anônimo, mas na cidade pequena, parecia que todo mundo sabia de quem se tratava. Tudo indica que um garotão qualquer armou uma emboscada para Omar. Dinheiro? Vingança? O texto da notícia, que encontrei pela internet no meio do expediente em certa metrópole, não entrava em detalhes. Não sei por que me surpreendi com a tragédia que não escapou aos olhos de águia do noticiário policial. Agora só restam a saudade de Omar e a importância desse capítulo na minha formação sexual.