Eu ainda tinha muito que aprender na minha vida sexual. Aprendi rápido.
Estava crescendo em corpo e esperteza, e já fazia anos que eu pegava o Figueirinha de vez em quando (para saber da história toda, leia o conto Como Tudo Começou) enquanto frequentava umas termas-puteiros de terceira linha e babava de desejo por uns vizinhos e colegas que achava que estavam totalmente fora de alcance.
Aí fui descobrir o quanto eu podia aproveitar com CERTAS mulheres casadas.
Uma atração permanente das revistas eróticas (nada de internet na época) eram os classificados sexuais, sempre com um bom número de anúncios de casais procurando parceiras... e parceiros. Pensei: tenho que participar disso, mesmo que só para conhecer.
Dei um jeito para anunciar meus atributos para casais: publicava uma foto desinibida e chamativa, acompanhada de um textinho objetivo. De cada dez cartas recebidas, nove eram de homens sozinhos, o que já sabia que ia acontecer. Mas, descartando os curiosos e as propostas picaretas, o ménage rolava relativamente fácil. Aproveitei muito as oportunidades de pôr em uso meu gás sexual.
A primeira vez com casal foi legal. O contato demorava, mas de alguma forma funcionava: depois de uma troca de cartas e uns telefonemas, encontrei Bernardo e Alice na porta de um shopping famoso. Era um casal bem comum do dia-a-dia: Bernardo parecia não ter nenhum atrativo, Alice era uma loura falsa meio caída e um pouco acima do peso, e os dois tinham o dobro da minha idade. E daí? O que me movia mesmo era o espírito de aventura.
Depois de um papo rápido, fomos para o escurinho de uma praia perto do centro, onde ninguém nos incomodaria. A mulher se revelou uma tremenda puta, me beijando com delícia, como se tivesse tirado a sorte grande de pegar um novinho, e se deixando agarrar no bundão e nos peitos. O corninho, sem sair de perto, assistia a tudo babando de tesão, mas eu nem ligava para sua presença. Achei tudo o máximo.
Aproveitei que minha família tinha viajado e convidei o casal para ir lá em casa fazer o serviço completo. Na minha cama, comi Alice duas vezes: era um bocetão muito melhor do que parecia. Tudo sob os olhos de Bernardo, que parecia fascinado por meus movimentos dentro de Alice e pelo cabeção da minha pica. A situação era muito excitante. Acho que foi aí que comecei a gostar de ter espectadores.
Mas quando o corno quis dar uma seguradinha no meu pau, cortei o barato dele. Mais um bissexual que só se revela aos 44 minutos do segundo tempo. Tenho certeza que é por isso que nunca mais me ligaram nem me escreveram.
Depois vieram outros lances com casais. Algumas semanas depois, também como resultado dos contatos por carta, fui a um bairro meio distante encontrar Norberto, um mulato de uns trinta e poucos anos, e Aurora, sua mulher, mesma idade, corpo legalzinho, cabelo curto. No barzinho, praticamente só Norberto falava: entre nós, Aurora tinha comportamento normal, mas era meio reticente, parecendo meio intimidada por uma aventura que não era dela. Meia hora depois, partimos para o motel.
Não parecia, mas era minha primeira vez num motel... e com direito a uma preparação ridícula. Entrei escondido, espremido no porta-malas de um velho carro.
Ficamos bem à vontade entre quatro paredes. Aparentemente, Norberto não tinha motivo nenhum para precisar encaixar outro homem em suas relações. Era alto, forte, bem-dotado e funcionava na cama. Mas gostava do ménage. Não sei como.
Primeiro a mulher se deitou olhando para o teto, sem dar muita bola para a minha presença, abriu as pernas e a comi com gosto. Fui ao banheiro, e ela mal saiu da posição em que estava: logo em seguida, o marido saiu da poltrona, de onde assistia a tudo, e meteu seu pau enorme na mulher. Assisti discretamente à trepada.
Terminado o serviço conjugal, a mulher continuava em seu lugar. Com o apoio moral do marido, cheguei junto e trepei mais uma vez, ao som daquele típico rádio de motel suburbano. Aurora nem fazia menção de trocar de posição, como se tivesse um vergonhoso dragão tatuado nas costas (não tinha). Vestimo-nos, voltei para o porta-malas e fui deixado num ponto de ônibus nas imediações. Às duas da manhã.
Mas o animal sexual mais comum em minhas correspondências era o homem sozinho que respondia a anúncio “para mulheres e casais”. No começo, não identificava o tipinho facilmente. Nenhum tinha cara ou jeito de que gostava de homem. Começava com aquele papo de falar “enquanto” casado representando o casal. Ou dizia que tinha uma namorada que era isso e era aquilo...
Então o sujeito armava um bote. Saía de sua repartição e ia me encontrar para tomar um refrigerante. Nós dois fingíamos que concordávamos que aquele encontro era só para o marido verificar se eu era um sujeito limpinho, honesto, fiel ao anúncio.
O problema é que muitos também queriam ser “verificados”. Às vezes, dali mesmo a gente saía para um hotel próximo. Eu fingia que não sacava qual era a dele e ele fingia que não sabia que eu sacava. Quem está nessa, além das cortinas do motel, precisa se acostumar com as cortinas de silêncio.
Mas foram umas relações medíocres. Preferia os que enrolavam menos. Uma vez deixei um lance agendado e fui a uma reunião de trabalho em pleno domingo à tarde numa cidade vizinha. Quando faltava meia hora para o fim, aleguei que tinha um compromisso e não podia me atrasar. Verdade.
Pouco depois, lá estava eu no velho centro da cidade, em frente a uma igreja que nem me lembrava que existia, onde um sujeito gordinho de uns 50 anos já me esperava.
Sem muita conversa, fomos para um hotel a duas quadras dali, que já me era pelo menos bem mais familiar que a igreja. Mal abrimos a porta, ele já veio me agarrando. Não era um grande cu, mas deu para gozar. Pensa que me lembro do nome do cara?
Vc é um cronista de primeira, parabéns!
delicia demais