Carlinhos tinha publicado um anúncio numa revista especializada procurando homens ativos. Escrevi para a caixa postal dele me apresentando, e ele respondeu: 24 anos, branquinho, alto, cabelo comprido. Telefonei e combinamos um encontro na minha casa. Carlinhos compareceu e, se não era um tremendo gato, não me decepcionou: era muitíssimo educado e tinha feições delicadas, mas estava longe de ser uma bichinha do estereótipo. Fomos para meu quarto, ele tirou a calça ficando só de camisa e jockstrap (para mim, é indiferente, mas na época eu ainda não assimilava todo esse fetiche em torno de jockstrap). Deitei na cama de pau em riste e ele delirou com meu pau. Chupava de todos os jeitos e com todas as técnicas, e me fez gozar três vezes seguidas: eu gozava, ele engolia tudo, eu ficava excitado novamente, e assim continuávamos.
Em cada boquete eu reprojetava o filme mental das sessões de rala-rala com Figueirinha, meu primeiro homem, com quem eu fiz o que não podia fazer com meus colegas de classe presentes e passados que expunham a explosão hormonal de seus corpos sarados, imaginava-me tocando o corpulento índio guardador de carros, monumento ao vigor da juventude que nunca tinha visto com camisa, e enxergava naquele exato momento a abertura de um horizonte sexual em que eu não me encaixava mesmo nas convenções da sociedade.
Meteção mesmo com Carlinhos, só no segundo encontro, a pretexto de pegar de volta uma foto que tinha emprestado, ou devolver uma foto dele que tinha ficado comigo. Fomos para um hotel fuleirinho, onde ele se apresentou novamente de jockstrap (nunca vi o pau de Carlinhos) e deu para mim encostado na janela. Foi legal, mas preferi a maratona de sexo oral. Se fosse hoje, eu teria usado camisinha: se o anúncio de Carlinhos fez o sucesso que imagino, ele deve ter chupado metade dos homens da cidade.
Outro lance bem intenso aconteceu anos depois. Dessa vez, fui eu que publiquei o anúncio, já esperando uma maioria de respostas de gente que só queria saber de enrolar e colecionar fotos (não havia internet para oferecer uma abundância de “flagrantes amadores” para os punheteiros de plantão).
Não foi o caso de Nilson, um negro gordinho que pouco passava dos trinta anos. Ele marcou encontro comigo na praça de alimentação de um shopping. Também era muito educado, vestido adequadamente, não dava pinta de gay.
Bebíamos um refrigerante e conversávamos sobre vários assuntos, e de repente ocorreu algo muito curioso: na mesa atrás de Nilson, um casalzinho jovem se beijava e a garota começava a introduzir os dedos pela perna da bermuda jeans do rapaz. Não sei o que me deu, mas fiquei com tesão naquilo, e Nilson, muito observador, percebeu o brilho nos meus olhos, a dilatação das minhas veias do pescoço, minha fala que resvalava para o abobamento etc. etc., e pensou que o alvo de meu tesão era ele mesmo. Se Nilson pudesse, me arrastaria para um cantinho naquele momento mesmo. Mas tivemos que resolver isso em um segundo encontro.
Fomos naquela boate gay de que Figueirinha falava. Era das poucas que existiam na cidade, e era minha primeira vez lá. Depois de mais refrescos e mais conversa, fomos para o meio da pista de dança, que estava meio vazia, e nos beijamos com vontade. Lábios grossos e famintos que prometiam muita coisa... Quinze minutos depois, saímos para o quartinho em que ele morava no anexo de uma casa próxima. Era um cafofo muito bem equipado: frigobar, TV com vídeo, cama grande, ar condicionado. Me deliciei no corpo de Nilson, coberto de pêlos grossos e com uma bunda fenomenal. Botei Nilson de frango assado e mandei ver, enquanto ele masturbava freneticamente seu pau grosso e curtinho.
Só sei que o cara delirou e quis mais: nas semanas que se seguiram, engatei em compromissos profissionais e sentimentais, e não sabia como dizer isso para Nilson, que expressava em cartas melosas como sentia falta de meu contato. Lamentavelmente, Nilson esgotou sua cota de grude, e parti em busca de caras mais legais ainda.
Parabéns, adorei seu conto, voce escreve muito bem, votadissimo. Leia meu último conto, irei adorar sua visita na minha página, bjinhos Ângela