Além de administrar alguns contratempos financeiros, certa vez, um indivíduo atento e impiedoso, flagrou a garota quando ela tentava inserir o bagulho na bebida dele. Nessa ocasião ela agia sozinha e ficou à mercê da reação violenta do homem.
Ela só não ficou toda arrebentada e foi presa, porque conseguiu fugir do quarto correndo pelada pelos corredores do hotel. Foi barrada por um segurança próximo à área da piscina.
— Hey, que pasa! — não pode nadar desnuda — falou autoritário o homem de terno.
A profissional precisou usar seus dotes teatrais e poder de sedução para convencer o cubano fortão a ajudá-la. Fingindo choro e falso tremores, abraçou o grandalhão pelo tórax e implorou:
— Salva a minha vida, pelo amor de Deus, moço! — a mulher do deputado me flagrou na cama com ele, tive sorte em sair do quarto ainda com vida — por favor, me ajuda!
O homem achou estranha aquela história, também achou melhor não se envolver em assuntos conjugais. Além disso, sua líbido elevou-se com o contato do corpo jovem e nu aninhado ao dele. Não pensou nas consequências ao levar a moça para o quartinho da segurança.
A garota soube como agradecer a ajuda ao usar seu corpo como moeda de troca e proporcionar ao segurança um quarto de hora de carícias íntimas e prazeres sexuais.
Após os minutos de gozo e satisfação, ele furtou um uniforme de camareira para a moça poder sair em segurança do prédio.
Acontecia assim, a estratégia não era perfeita e nem sempre era possível a participação de garçons e barmans de hotéis e casas noturnas nos truques aplicados. Vez ou outra ficava a cargo dela adicionar o coquetel na bebida, com isso, aumentava o risco do cara perceber o golpe. Ainda assim, a garota concluía com sucesso a maioria das tentativas e desaparecia sem deixar rastros. Quando a vítima acordava e percebia a falta dos seus pertences, era raro procurar a polícia para registrar queixa, pois a substância ingerida causava amnésia em muitas delas, impedindo a pessoa de recordar ou ter a certeza de todo o ocorrido. Ademais, são personagens ligados à política, igrejas, indústrias e outros. Seus nomes e imagens circulam diariamente pelas mídias sociais. Além de serem pessoas casadas em sua maioria. Não seria sensato expor suas privacidades revelando seus encontros com prostitutas, é algo para esconder do seu cônjuge e principalmente do grande público.
Natasha era só um dos muitos pseudônimos usados em seus golpes, e os praticava não só pelo dinheiro. A garota ardilosa curtia o ilegal e quebrar regras: "A emoção dos momentos de tensão são melhores que orgasmos", dizia ela.
Embora o perigo fosse constante, os problemas e contratempos não eram frequentes. E os lucros obtidos compensavam os riscos e alguns possíveis fracassos.
***
O concierge de um hotel renomado solicitava os meus serviços com frequência, tínhamos uma parceria. Ele ligou para o meu celular e ofereceu um trabalho irrecusável para ser feito naquele dia; eu poderia ficar com todo o lucro obtido do golpe, com a condição de conseguir dois itens específicos para ele.
A cumplicidade com um parceiro bem relacionado, tanto no comércio formal quanto no alternativo, facilitava para encontrar os possíveis alvos, ou seja, homens com dinheiro à procura de diversão sexual e que fossem aparentemente inofensivos.
Teria ainda algumas horas para preparar meu novo disfarce após ter recebido as informações sobre aquele trabalho. A variedade dos lugares escolhidos para a trama e o tempo gasto na criação de um rosto diferente a cada dia, era fundamental para não ser reconhecida. A transformação começava com uma maquiagem ousada e super carregada, uma peruca, ou até mesmo tintura nos cabelos, cílios postiços e lentes de contato com cores diversas.
Além de produzir um rosto diferente e uma identidade nova, minhas roupas eram propositalmente provocantes com a intenção de chamar a atenção para as outras partes do meu corpo e, não, para o meu rosto.
Mais tarde, no hotel onde daríamos o golpe, participei de uma reunião rápida com o concierge e um conhecido dele, ao qual fui apresentada naquele instante. O quarentão trajando preto foi o último a se manifestar, mas quando o tipo sério e de aparência fria começou a falar, ficou evidente sobre quem daria as ordens dali em diante.
Meu trabalho era divertir sexualmente, pôr para dormir, pegar a grana e demais pertences de um privilegiado financeiramente como sempre fazia. Dessa vez, também precisaria retirar da vítima o ticket de entrada de um estacionamento e a chave de um carro com o controle remoto do alarme. Os dois itens eram os mais importantes, só se obtivesse sucesso poderia ficar com os outros valores conquistados no roubo.
Os comparsas não informaram para Julinha — era o nome usado por ela naquele golpe — que aquele serviço era algo grande e fora dos padrões de sua costumeira atuação, envolvia pessoas graúdas e de poder. Também não estava descartada a possibilidade dela morrer. Até onde ela sabia, seria um golpe normal e renderia alguns poucos milhares de reais.
Fui orientada pelos caras a interpretar o papel de uma estudante novinha, em razão do empresário ser conhecido por sua preferência a este tipo de acompanhante. Até trouxe um uniforme característico composto de minissaia xadrez e camisa branca. Vesti momentos antes de fazer um penteado tipo Maria Chiquinha e fui à luta.
Toquei a campainha do quarto, o homem abriu de imediato e examinou-me de cima a baixo.
— Você parece muito novinha, tem mesmo 18 anos? — A expressão do seu rosto era de quem esperava por uma confirmação. Acenei com a cabeça dando a entender que sim, e mostrei uma carteirinha escolar falsa, claro. Já havia sido informada sobre a ficha criminal do safado, era alvo de uma investigação sobre conduta sexual e precisava controlar seus instintos não se envolvendo em relacionamentos proibidos.
O cara fechou a porta e começou com o joguinho de fantasia.
— Fala a verdade, quantos aninhos o anjinho tem?
Sussurrei uma idade no seu ouvido, a que certamente o safado gostaria de ouvir.
— Safadinha, mentirosa, vem aqui no meu colo, você merece umas palmadas!
Ele me deitou de bruços sobre suas pernas, levantou minha saia e deu palmadas na minha bunda. Nada exagerado, eu até curti. Depois puxou a minha calcinha até passá-la pelos meus pés, alisou carinhosamente meu bumbum dando alguns beijinhos. Mas de repente sua atitude ficou agressiva e até parecia outro homem, deu-me uns tapas doídos enquanto falava palavrões me chamando de putinha vadia. Jogou-me com brutalidade na cama e começou a remover o cinto das suas calças. Achei que ele iria me agredir, pensei logo em pegar algo para acertar a cara daquele imbecil, foda-se o dinheiro e o trabalho.
Ouvi o som da campainha, um, dois, três toques seguidos, ele largou o cinto e com cara de contrariado atendeu a porta. Era o concierge, trouxe uma bandeja com duas margaritas e frios aperitivos.
— É cortesia da casa — explicou.
O homem não liberou a entrada, pegou a bandeja, agradeceu mal-humorado e fechou a porta. Após colocar sobre uma mesa, ele me ofereceu uma das bebidas. Inventei um problema no meu fígado e a impossibilidade de ingerir álcool. Ele sorveu o conteúdo de um copo de uma só vez. Em seguida judiou de mim em um anal sem fim com seu pênis estupidamente grosso que me fez chorar. Ainda com o agravante de socar seus dedos grosseiros em minha boceta… Putz! Por que fui me meter nessa parada? Pensei e me odiei.
Durante a transa animalesca o meu carrasco se vangloriava confessando “possuir” garotas mais novas, mas elas não choravam tanto quanto eu. “Esse escroto pervertido talvez só sinta prazer abusando de quem não consegue se defender”, pensei com raiva.
Enfim, ele chegou ao orgasmo após fazer um estrago no meu ânus, e felizmente começou a demonstrar o efeito causado pelo ingrediente em sua bebida. Continuei cumprindo o meu papel de maneira despretensiosa e comecei a arrancar as informações necessárias.
O homem parecia animado, pois mal havia recuperado o fôlego da primeira transa, virou o segundo drink garganta adentro e veio pra cima de mim em um papai e mamãe… Que não durou muito. O cara apagou em cima de mim após dar algumas bombadas e um gemido longo. Mas ele nem chegou ao orgasmo, seu negócio ainda estava duro e enterrado em minhas entranhas. Lutei um round inteiro com o corpo inerte do coroa, foi dureza sair debaixo daquele traste. Só então obtive a certeza da minha suspeita...
— PQP! O BOFE MORREU — gritei pulando da cama.
"Fodeu! Vai dar merda essa porra". Pensei. Precisava avisar os parceiros e sair fora rapidão.
Enquanto vestia minhas roupas, falei comigo mesma:
— Fui eu ou a segunda margarita com o bagulho que foi demais para o coração dele?
Continua…