SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 38



            Meu telefone celular começou a tocar. Era alguém me ligando para uma chamada de vídeo. Quando olhei para a foto quase não acreditei. Foi instantâneo: meu coração disparou e comecei a transpirar. Era a Manú! Só que a foto dela era diferente da que estava na última vez que conversamos. Antes era uma foto dela e do Fábio, com os rostos colados e agora o que apareceu era uma foto só ela, de meio corpo e usando aquela roupa de tribunal (beca), toda preta e com uma fita vermelha no pescoço.
            Ela estava linda e sorridente. Parecia uma foto de publicidade, mostrando uma modelo com a maquiagem, os cabelos ou o sorriso perfeitos.
            Quase eu não atendo, pois por mais que eu tentasse, já há meses aquela mulher não saía dos meus pensamentos. Eu sentia muitas saudades, dormia e acordava pensando nela. Porém eu sempre tive desconfiômetro e sabia que uma mulher linda, inteligente e rica igual ela nunca iria querer nada com um “pé rapado” igual a mim.
            Acabei atendendo e vi na tela a Manú, mais linda que nunca e sorrindo para mim.
            — Oi seu sumido! Você não manda mais notícias... esqueceu dos amigos?
            Eu sempre me senti confortável perto de mulheres, só que realmente a Manú mexia comigo, eu estava nervoso e suando frio. E ela claramente estava muito empolgada. Então respondi para ela:
            — Não é isso. É que a minha vida está uma loucura! Muito trabalho e estudos. A Fernanda me deixou e daí veio a mudança de casa, divórcio. Praticamente estou em uma vida nova...
            — Sério Beto, eu não acredito que ela fez isso! Ela te deixou mesmo?
            — Ela já estava com um cara antes mesmo de irmos para o seu casamento. Teve um dia que ela abriu o jogo e disse que iria morar com ele.
            — Que barra! Você deveria ter me ligado. Sei lá, de repente para te dar alguma ajuda. Acho que ninguém está sabendo do seu divórcio.
            — Fica tranquila que eu estou bem! Só não queria incomodar mais ninguém com os meus problemas.
            Conversamos mais um pouco, até que ela falou:
            — Eu adorei Maceió e, como tenho uns dias de folga, pensei em te visitar e fazer uns passeios aí pela região.
            — Olha Manú, eu embarco na próxima terça-feira e só volto no início de setembro. Se quiser ficar aqui em casa eu deixo as chaves com meu vizinho.
            — Assim não tem graça. Eu quero que você seja o meu cicerone.
            Ela deu um sorriso enorme, lindo, provocante e sensual.
            — Olha, o apartamento que estou morando é pequenininho. Acho que você não vai ficar confortável aqui.
            — Nem vem com isso. Eu durmo em qualquer lugar. E vou aí pela companhia sua, que é muito agradável. Qualquer coisa, se não tiver onde dormir, eu compro até um colchão inflável. Para mim isso já é suficiente.
            Continuamos conversando até que ela me convenceu a hospedá-la. Falei até para ela deixar um hotel de sobreaviso, caso ela não goste do meu “apertamento” e que não ficaria ressentido de forma alguma caso ela resolvesse ir para o hotel.
            Combinamos assim: eu desembarcaria em Maceió no dia 1º de setembro, ela chegaria no dia seguinte e passaria o final de semana e o feriado da segunda-feira (Independência do Brasil) seguindo o roteiro de passeios que eu escolhesse.
            Como iríamos andar bastante optei por alugar um carro. E no dia dois de setembro fui esperar a Manú no aeroporto. Fiquei na porta do desembarque e quando vi uns caras virando a cara para trás e outros comentando, logo imaginei que seria a Manú saindo. E não deu outra, assim que nos vimos ela deu um sorriso gostoso que fez com que se de repente o mundo ficasse colorido. Ela chegou linda com sempre, estava com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo, usando um batom rosa bem clarinho e trajando uma calça jeans clara, bem casual, mostrando um pouco da canela, estava de tênis também casual branco, uma camiseta bem justinha cropped preta, que mostrava uns três dedos da sua barriguinha e um blazer cinza escuro. Nas costas havia uma mochila jeans clara e ela puxava uma mala com uma bolsa de couro encima. Assim que me viu ela abriu o sorriso, largou tudo e veio correndo em minha direção, pulou encima de mim e me deu um demorado e apertado abraço.
            Apesar daquele corpão maravilhoso, todas as vezes que vi a Manú ou que “stalkeei” ela pela internet (confesso que sou culpado disso) ela sempre estava com roupas discretas e elegantes. Ao contrário de muitas que vejo por aí se vestindo de forma sexy e até vulgar, só para aparecer ou serem notadas. A Manú era linda, atraente e imagino que era muito assediada, mesmo usando essas roupas comportadas.
            — Rapaz, imagina a saudade que estou de você.
            O voo da Manú estava previsto para chegar às 13h e até preparei alguma coisa para ela comer quando chegasse. Só que o voo atrasou quase uma hora, então fui logo perguntando se ela estava com fome e ela foi rápida e incisiva:
            — Estou faminta!
            — Então vamos logo embora, que eu preparei uma coisinha simples para o nosso almoço.
            — Se for churrasco eu vou adorar. Saio da minha dieta sem nem pensar duas vezes.
            — O churrasco vai ser outro dia. Hoje vai ser comida italiana.
            Fomos embora e no caminho ela me questionou sobre a Fernanda, pediu detalhes da nossa separação e perguntou se eu a havia visto recentemente. Respondi que a última vez que vi a Fernanda foi no cartório, quando finalizamos o divórcio, que já tinha mais de um mês que sequer conversávamos e eu não tinha nenhuma notícia nova dela.
            Chegando ao apartamento, tive que insistir muito para que ela ficasse com o quarto, pois eu dormiria tranquilamente no sofá-cama. Coloquei roupa de cama nova, separei umas gavetas, um lado do guarda roupas para ela e até umas toalhas. Depois de convencida a ficar com o quarto, ela tomou um banho rápido, trocou de roupas, colocando um vestidinho bem leve e fomos almoçar.
            Eu pensei bastante no tipo de dieta que a Manú fazia antes de começar a cozinhar. Inicialmente eu pensei em fazer um fettuccine ou um tagliatelle, só que pensei que talvez ela não comesse massa, então resolvi fazer um nhoque meio regional, que eu mesmo fazia a massa usando batata e macaxeira, junto com farinhas de centeio e arroz, e servi à bolonhesa com mini almôndegas.
            Não sei o nível de fome que a Manú estava, pois ela repetiu duas vezes e só parava de comer para elogiar o prato.
            De sobremesa eu fiz zabaglione, e enfeitei a taça colocando por cima maças, bananas e uvas secas e bem picadinhas. A Manú comeu duas taças (e eu também) e adorou. Pediu até a receita. Expliquei para ela, que uso uma receita da minha avó, e só substituo o vinho marsala, que é o usado tradicionalmente na receita, por suco de uva branco com uma colher de conhaque.
            E ela comeu tudo. Aquela menina, com carinha de princesa, tinha o apetite de um pedreiro. Depois ela comentou sobre os pratos, com aquela voz linda e o sotaque que eu adorei desde a primeira vez que ouvi. O sotaque do paraense, para quem nunca ouviu, é bem diferente, lembra o carioca falando, só que tem menos chiado e eles forçam menos o “s”. E também achei muito legal a forma como eles conjugam corretamente a 2ª pessoal (teve uma hora que ela soltou um “tu foste”, conjugando certinho o pretérito perfeito do indicativo, que eu simplesmente amei).
            — Estou absolutamente maravilhada! Cada prato era uma obra de arte... uma coisa mais gostosa que a outra! Beto, ainda bem que só vou passar uns poucos dias aqui. Se fosse um mês eu teria que comprar duas poltronas no avião só para caber o meu traseiro.
            Ela me ajudou a lavar as louças e me prometeu que faria “madeleines” para mim.
            — Olha, já falei para não prometer nada para pobres. Você já me deve tacacá, vatapá e suco de cupuaçu. E agora essas madeleines que nem sei o que é, mas já quero.
            — Seu bobo. Quando formos para Belém vou fazer você repetir essas comidas até enjoar, só para não me pedir de novo. E Madeleine é um docinho Francês, em forma de conchas. Eu adoro comer com o café da tarde.
            Depois a Manú foi para o quarto, eu fui para a sala, mas ela logo me chamou. Eu já falei que nunca tive problemas de conviver com mulheres, só que ficar ao lado da Manú era torturante. Não pela beleza, mas pela simpatia e principalmente por alguma outra coisa a mais, que eu não conseguia identificar.
            Vocês não imaginam o esforço que eu fiz para não agarrá-la ali mesmo. Só que eu nunca faria aquilo. Primeiro porque não é da minha índole dar uma de louco e forçar alguma coisa com ela e também porque eu não imaginava o que realmente ela queria quando veio me visitar. Eu ainda estava muito machucado por tudo que houve com a Fernanda e de forma alguma queria entrar em um relacionamento tão cedo, principalmente com ela e depois daquela história maluca que ela me contou.
            Apesar de simpática, eu não sabia das intenções da Manú. Ela já havia prejudicado muito a minha amizade com o Bidu e a última coisa que eu queria era ter só uma aventura com aquela mulher maravilhosa, que me encheria de esperanças, e que depois partiria o meu coração novamente, quando fosse embora.
            Fui atrás dela no quarto e conversamos enquanto ela desfazia as malas.
            — Não acredito que eu não trouxe uma roupa de banho! Não sei onde eu estava com a cabeça. Vou para a praia e não trouxe sequer um biquíni.
            — Calma moça, depois eu te levo numa lojinha que tem uns lindos biquínis e saídas de praia que você vai adorar.
            Deitei na cama e vi que debaixo da mochila da Manú havia uma revistinha e a puxei para ver do que era. Era uma daquelas revistinhas de adolescentes. Na capa havia um casal e no rodapé, destacando como reportagem principal estava escrito: “O que eles (e elas) contam e escondem dos relacionamentos que já tiveram”. Comecei a folhear a revista e a Manú foi logo dizendo:
            — Essa revista é da Fabíola, acabei achando dentro da mala. Na realidade essa mala é dela. Ela foi me visitar no mês passado e acabou levando tanta bugiganga que não coube na mala dela e acabou trocando com a minha, que era um pouco maior. Achei essa revista nesse bolsinho da frente da mala, enquanto estava esperando a conexão em Brasília. Acho que não tem nada aí que se aproveite. Então ela pegou um leitor de e-books e me mostrou o que estava lendo. Na capa, toda em vermelho, estava escrito com letras pretas: “A sutil arte de ligar o f*da-se, de Mark Manson”. Eu ainda não tinha lido, e já fiz uma anotação mental para comprar esse livro.
            Continuei folheando a revista, enquanto conversávamos, até ela terminar da arrumar as malas. Então perguntei se ela estava cansada ou queria ficar sozinha. Ela disse que estava bem e queria ir comprar um biquíni para o dia seguinte.
            Ela rapidamente trocou de roupas, colocando uma bermudinha jeans fininha, com a barra larga, que ia até o meio da coxa e que dava destaque para suas longas pernas perfeitas, além de uma sandália e uma camiseta bem justinha, cor verde-militar e amarrada atrás do pescoço, que destacavam os seus peitos durinhos e empinados, a barriga chapada, a postura toda ereta e aquela bunda empinadinha que não tinha como esconder. Fomos para um restaurante e pedimos chiclete de camarão, que é um prato de camarão cozido com azeite de dendê e cinco tipos de queijo que, gratinados, ficam puxando igual a chiclete. Conversamos um pouco, tentei pressioná-la, só que a danada era craque na retórica e desviava a toda hora das minhas perguntas. Logo voltamos para o apartamento e fomos dormir.
            Bem cedinho levei-a para uma lojinha de moda praia, que ficava na Praça Marechal Deodoro. Eu sabia que lá era bem sortido e tinha muita coisa bonita, pois já havia ido lá com a Fernanda, que fez vários ensaios fotográficos para eles. E a Manú adorou as opções que eles tinham e saiu pegando várias peças para experimentar.
            Mais uma vez queria deixar registrados os meus conflitos internos de ficar perto dela. Ao mesmo tempo em que era angustiante eu também me sentia muito confortável em ficar perto da Manú. Eu sentia a presença dela como algo familiar e muito agradável.
             Sentei-me em uma das cadeiras e o desagradável foi ver uma foto da Fernanda, de maiô, na porta de um dos vestiários.
            E logo a Manú saiu do provador de roupas com o primeiro biquíni. Acho que ela fez de propósito, só para me torturar. Quase tive uma parada cardíaca, pois assim que a vi o meu queixo caiu até quase o umbigo, com aquela visão tão linda que nunca vou esquecer. O corpo da Manú era simplesmente lindo e delicioso e a sua pele que era dourada, uniforme e apetitosa. A menina não tinha sequer uma espinha no corpo todo (nem no bumbum), só umas penugens estrategicamente espalhadas pelo corpo. Quanto ao biquíni eu só me lembro porque ela pediu para tirar umas fotos para depois ver como ficou. A parte de baixo era um fio dental, de lacinho dos lados, que deixava pouca margem para a imaginação e destacava ainda mais suas curvas perfeitas e aquela bunda maravilhosa. A parte de cima era de cortininha, de uma estampa escura e rajada, puxando mais para o verde, mostrando apenas o contorno daqueles seios duros e lindos que, por incrível que pareça, já estiveram na minha boca. Fiquei imaginando que ela nua deveria ser um espetáculo! E tive que me controlar para não ter uma ereção ali mesmo.
            Fiquei ali imaginando como eu consegui transar com aquele monumento de mulher, enquanto ela voltava para o provador, com seu rebolado provocativo. Eu relembrava o cheiro do perfume e do cabelo dela, enquanto cavalgava loucamente e gozava no meu pau, como se estivesse no cio. Chupar aqueles peitos foi uma das melhores coisas que já fiz na vida. Pena que o negócio foi louco, rápido, no escuro e como uma forma dela tentar não se casar. Infelizmente, pelo visto eu havia entrado na “friendzone” dela e nunca mais teria a oportunidade de repetir.
            Quando ela voltou pela segunda vez a gerente da loja chegou para conversar conosco. Perguntou de onde éramos e até me deu uma boa olhada, acredito que imaginando de onde me conhecia (eu já tinha visto ela uma vez) quando a Manú disse que não era de lá, ela perguntou se a Manú era modelo e também se ela queria ser modelo da loja ou até dos fornecedores deles, pois eles certamente a aprovariam para isso. Falou que a Manú tinha um corpo lindo e poderia facilmente modelar para as roupas de praia e para a moda fitness. A Manú agradeceu muito ao convite e disse que modelar não seria bem visto em seu emprego e mesmo assim a mulher lhe deu um cartão e pediu que ela pensasse no assunto.
            E depois vieram outros sete biquínis dos quais, quando ela me perguntou, eu disse que todos ficaram lindos e alguns ficavam quase obscenos em seu corpo. No final ela comprou uma saída de praia azul, que era como um vestido, mas de aceitava fazer quatro outras formas de amarração, e também levou dois conjuntos de biquíni: um, que ela disse que era para pegar um bronzeado em uma praia semi-deserta, que era todo preto e a parte debaixo consistia basicamente em dois triângulos ligados por uma tira elástica de um centímetro de largura e a parte de cima era de cortininha; e o outro, que ela disse que usaria mais, no qual a parte de baixo era preta, com uns desenhos pequenos de lua, sol e estrelas, e era um modelo tradicional, só que nas laterais havia uma cordinha entrelaçada que as unia, e a parte de cima era um bustiê (eu só sei isso porque vi na etiqueta) listado de branco e azul, que na realidade era um tomara que caia com bojo, ele tinha alças que poderiam ou não ser usadas e uma costura com pedrinhas entre os seios. Detalhe que ela fez questão de que nenhuma das calcinhas fosse fio dental.
             Na volta ainda passamos no mercado e ela comprou frutas, verduras, iogurte e alguns outros produtos naturebas. E ela foi me contando como se alimentava. Me disse que tentava consumir essa comida balanceada em quatro ou cinco dias na semana e que nos outros dias não havia qualquer restrição e ela comia até sanduíches ou pizzas. E quando foi explicando a forma que preparava essas comidas, acabei dizendo para ela que era praticamente da mesma forma que eu estava acostumado a comer, pois era mais ou menos o que o meu pai podia comer, devido às suas restrições alimentares e que desde criança eu já estava acostumado a comer assim. Fiquei até de preparar umas marmitinhas para quando fossemos para alguma praia mais distante e com menos recursos.
            Voltamos para a casa, só para deixar aquilo e já partimos para as praias do litoral sul. Nosso destino eram as Dunas do Marapé e no caminho ainda demos uma paradinha na praia da Barra de São Miguel na ida e na Praia do Gunga na volta, onde ela comprou um novo biquíni, bem parecido com um dos que havia comprado antes, só que esse era estampado nas cores preto e branco. Chegamos bem tarde em casa, tomamos um banho e ela colocou um baby-doll delicioso, que eu cheguei a pensar: “Será que ela está me dando mole ou só brincando comigo?”.
            Não era nada sexy, revelador ou escandaloso e eu já tinha visto várias mulheres de pijama ou baby-doll. Era um baby-doll discreto, de um tecido bege claro e com bolinhas pretas. As alcinhas, junto com toda a barra encima e nas coxas era de uma fitinha preta. E ela ainda estava de calcinha e sutiã da cor da pele. E mesmo assim na Manú aquilo ficava irresistível.
            Ela deitou do meu lado no sofá e me deu um sorriso longo e gostoso, com aquela boca carnuda (que já havia chupado o meu pau e isso eu nunca mais vou esquecer), revelando os dentes banquinhos e alinhados. Os olhos dela eu já desisti de descrever, pois eram como duas esmeraldas retroiluminadas. Estava com a revistinha da irmã em uma das mãos. Folheou um pouquinho e falou:
            — Que coisa boba isso aqui. Só de cabeça eu já estou vendo que o negócio é muito bobo.
            — Sobre o que?
            — Nada não, coisa de adolescente! É um teste e eles perguntam o número de parceiros totais, com que idade você tinha e se a pessoa era mais velha, mais nova ou da sua idade.
            Olhei para ela, ri e resolvi brincar, mas logo que saiu da minha boca eu me arrependi:
            — Faz então e vê o resultado, ou não se lembra de todos os seus parceiros.
            Ela fez um biquinho, só que depois riu e eu fiquei mais aliviado pelo fora que dei. Então ela me respondeu:
            — Já que vamos ter aquela conversa estranha sobre ex, já te adianto que eu me lembro de todos eles. E nem são tantos! Você deve ter tido umas 10 vezes mais relações que eu...
            — Não é possível! Com a mesma pessoa não vale.
            Ainda pensei que se fossemos contar todos os homens que já desejaram a Manú ficaríamos anos só para ouvir o nome de todos.
            — Não, eles só pedem a primeira vez com cada parceiro diferente.
            Ela fez uma carinha de menina sapeca antes de dizer:
            — Vamos lá, eu posso fofocar?
            — Claro que pode.
            — Então... já disse que o Fábio fala de você o tempo todo. E ele me disse que tem quase certeza que você já transou com algumas meninas. Posso confirmar?
            — Já disse que pode. Agora estou curioso de que aquele falso andou falando de mim pelas minhas costas.
            — Não chama o Fábio assim! Eu gosto dele... Ele me falou de uma farrinha que vocês participaram e que tiveram três prostitutas, com quem vocês transaram de uma só vez... isso foi quando foram fazer um concurso em outra cidade ou algo assim:
            — E prostituta também vale? Ali não tem sentimento, é só comércio.
            — Seu grosso! Vale sim. Na revista não diz nada de sentimento.
            — Nesse caso ele transou com duas e eu fiquei só com uma...
            — Ele não me contou a história desse jeito!
            — Ele era seu noivo e só estava te protegendo. Acredite que a minha versão é a correta.
            Meu sorriso estava de orelha a orelha.
            — Bem que dizem que prova testemunhal não é confiável... e tem mais. Ele me contou de uma namorada sua, que vocês terminaram. Ela não queria mais falar contigo, até mudou de escola e você sofreu muito.
            — Essa foi a Amália. Pode marcar um ponto para ele.
            — E tem outras três, da época de faculdade, que ele acha que você pegava ao mesmo tempo, seu safadinho: uma era a Renata, esposa do Fabrício, outra era uma Fernanda, que não era a sua ex-esposa e também tinha uma prima sua.
            — Agora entramos num tema sensível. Vou ser sincero, porém o que eu falar agora vai ficar só entre nós, pois eu prometi nunca contar isso...
            — Eu prometo. Palavra de escoteiro!
            — Você já foi escoteira?
            — Não!
            — Então porque prometeu assim?
            — Para Beto. Eu dou a minha palavra que não conto.
            — Tá bom, vou confiar muito em você! Nessa época, dessas três que você falou, eu só tive alguma coisa com a Nanda, que é a Fernanda.
            — E teve a sua outra Fernanda, com quem você era casado, e essa Fernanda aqui (apontando para ela mesma). Já deu cinco. E três são Fernandas... Lá em Criciúma eu conheci a sua prima, a Laura. Conversamos bastante e um dos temas mais falados foi você. Ela me contou da Clara...
            — Nossa, outra fofoqueira! Com a Clara foi só uma vez, depois de uma festa...
            — E ela espalhou que você era muito bem dotado e foi o melhor sexo da vida dela... isso é significativo. Eu também conversei muito com a Fernanda e com a Renata antes do casamento e você também foi um dos temas. Só que elas não falaram nada além do que eu já sabia. Então, já são seis. Quantas mais foram?
            Eu não queria dar o braço a torcer e nem encher muito a bola dela, então falei:
            — Não conto! Se você quer saber mais de mim, me conte primeiro a sua história. Peraí que vou pegar um caderninho para ir somando.
            — Credo, pelo visto você acha que eu sou uma pervertida! Você quer mesmo saber? Vai acabar rindo de mim. Minha vida amorosa é curta e extremamente chata! Com essas seis você já está ganhando de mim. Eu tive uns probleminhas e por escolha acabei tendo pouquíssimos parceiros. Quem é a pegadora lá em casa é a Fabíola! É um namoradinho novo por semana e ela sempre fica só nos beijos com os meninos e depois descarta. E como nós somos muito parecidas foram várias vezes que saí para festas e os caras chegaram querendo me agarrar pensando que eu era a minha irmã e querendo continuar de onde pararam.
            — Tá, pode começar a contar. Eu prometo que nunca vou te julgar pelo seu passado, por pior que tenha sido. E se eu rir é porque foi engraçado.
            Ela fechou a revista, mudou a posição no sofá-cama, que estava aberto no formato de cama. E da posição de ladinho ela se virou, ficando de barriga para cima. Ficou um tempo olhando para o teto e começou a falar, bem calma e escolhendo as palavras:
            — Antes de começar eu queria dizer que prometo nunca mentir para você... Então... a primeira vez que transei com um menino foi em um acampamento de férias, que fui acompanhando os meus irmãos. Eu já tinha feito 15 anos. E esse menino... acho que o nome dele era Juninho... e era lindo, parecia um anjinho. Tinha a minha idade, era do Rio de Janeiro e estava em Belém passando as férias com os primos. Ele andava de skate, dizia que era surfista e tinha umas tatuagens de henna no corpo. Ficamos próximos e uma noite... foi num dos últimos dias do acampamento, que acabamos transando. Foi horrível! Doeu, eu sangrei, não tinha camisinha, ele foi muito rápido e gozou dentro. Depois fiquei desesperada por vários dias e com medo de engravidar... Sabe o que é mais engraçado é que se eu ver esse menino no meio da rua acho que não o reconheço.
            Ela continuou:
            — O próximo foi com 16 anos. Foi na pior época da minha vida. Aconteceu uma coisa e eu fiquei revoltada e fiz coisas imperdoáveis. Eu sei que magoei muito meus pais. No meio dessa loucura eu conheci esse cara e me apaixonei. Foi daquelas paixões de adolescente. Ele era um badboy, bonito, carismático e uns cinco anos mais velho que eu. Ele era rico, adorava ostentar e as meninas viviam dando encima dele. Ao lado dele o meu pior lado apareceu e chegou ao seu máximo. No começo foi incrível, ele só me elogiava... era carinhoso. Depois ele mostrou que era mau e sádico. Ele me colocava para baixo, judiava de mim... me batia... Eu sofri muito, porém eu era tão idiota que não enxergava o mal que ele me fazia e nem conseguia perceber que quem realmente me amava de verdade sofria com as minhas atitudes. Fiquei com ele alguns poucos meses a até hoje eu me arrependo.
            Eu vi que os olhos dela estavam marejados e tive que falar alguma coisa:
            — Você nem falou o nome desse cara e eu já estou com tanta raiva dele que se o encontrar no meio da rua eu lhe quebro os dois joelhos só para ele ter o que pensar antes de encostar as mãos em outra mulher.
            Ela enxugou os olhos e sorriu.
            — Você é o meu cavalheiro de armadura! Falo isso porque não sou muito fã de príncipe. E o nome dele é Lorenzo... Fica tranquilo que dele eu já me recuperei, mas fiquei muito tempo traumatizada e depois fiquei mais tempo ainda tentando me redimir das besteiras que fiz e o próximo cara com quem transei foi o Fábio... e depois fiz amor contigo e só. Viu como eu sou bem menos rodada do que você pensava. Foram só quatro homens até hoje. Depois do Lorenzo eu cheguei a ficar com alguns caras, só que nunca deixei que avançassem além de uns beijos... Agora me fala de você. Passa o caderninho para que eu não perca as contas.
            Ela ficou rindo da minha cara.
            — Eu queria ter visto essa sua fase negra...
            — Não Beto, eu sei que você passaria longe de mim nessa época.
            — Tá bom, eu acabei de dizer que não vou te julgar pelo seu passado, agora espero que você não me julgue pelo meu... Não sei, você quer que eu fale em alguma ordem? Pode ser por ordem cronológica?
            — Faz igual a mim. Se não tiver problema pode ser das mais antigas para os mais novas.
            Parei um pouco, forcei um pouquinho a mente e comecei:
            — Teve a Diana, a Amália, a Lia, a Clara, a Nanda, que foi a Fernanda que o Fábio te falou...
            — Para! Para! Para! Eu não quero lista. Eu quero uma historinha de cada uma, igual às eu lhe contei.
            — Aí, aí, assim é mais difícil!
            Ela me olhou séria e comecei a contar a minha história, falando coisas que ninguém sabia e contando justo para aquela quase desconhecida, que estranhamente eu conseguia me abrir assim tão fácil. Falei da Diana e como ela me iniciou. Falei da Amália e de todas as brigas e mal entendidos e perseguições em torno de nossa relação. Falei da Lia, da Clara e de toda a minha história com a Nanda, onde entraram o “ ménage à trois” com a Joana e o swing com a Emily. Contei da Penélope, a guria da competição de baja. Coloquei somente uma das meninas de Porto Alegre. Tive um ato falho e citei a Letícia e logo tentei consertei dizendo que ela era uma dentista que conheci em Florianópolis e saímos uma vez. Obviamente não incluí nenhuma das quatro prostitutas que eu havia comido em Brasília. Contei um pouco da minha história com a Fernanda. Brinquei falando que teve uma outra Fernanda que havia me estuprado em Belém e finalizei contando do caso com a Renata.
            A Manú me ouviu impassível quase que a história toda. Só demonstrou uma reação de surpresa quando contei da Renata, mas não teceu nenhum comentário. Só no final ela falou:
            — Você aproveitou bem mais do que eu. Foram 13! Eu não falei que você tinha mais. Eu nunca tive essa fase da promiscuidade. Você ganhou por 13 a 4.
            Na hora eu me lembrei de algo que eu tinha visto na revista que estava na mão da Manú. Era um texto que estava em destaque, só que eu tinha visto bem rápido e não tinha certeza se era realmente aquilo. E falei:
            — Calma aí, me passa essa revista.
            Ela me deu e folheei rapidamente até achar o que eu procurava e realmente estava lá, preto no branco e mostrei para a Manú.
            — Não, eu é que ganhei! Você é a mais promiscua, dá uma olhada aqui.
            E ela leu: “As mulheres, para se preservar, normalmente assumem somente a metade de seus relacionamentos e os homens, para demonstrarem experiência, costumam contar que tiveram o dobro de parceiras”.
            — Manú, está aí. O dobro de quatro é oito e a metade de treze é seis e meio. Então você ganhou, de 8 a 6,5.
            Ela me olhou com uma cara feia e falou:
            — Eu não acredito nisso. Não valeu! Eu não menti, não tenho que me preservar... e acho que você não mentiu também!!! O pior é que essa reportagem deve bem ter sido escrita por uma mulher...
            Ela pegou a revista e começou a virar as páginas e eu ri.
            — Acabou! Não tem mais recurso.
            — Como assim! Me explica como você transou com seis mulheres e meia. Essa meia era o lado esquerdo ou o direito? Era a parte de cima ou a parte de baixo... ou era uma anã?
            Acabamos caindo na gargalhada e fomos jantar. No meio da sobremesa ela me falou:
            — Eu não sou psicóloga, assim não tenho certeza. É que eu acho que sofremos do mesmo problema. Nos apaixonamos aos 15 anos e os traumas desse relacionamento nos levou a evitarmos um relacionamento mais sério por muitos anos. Depois que a Amália te deixou você só foi namorar novamente com a Fernanda, anos depois e eu sofri tanto nas mãos do Lorenzo que só fui dar uma chance para alguém depois de conhecer muito bem essa pessoa, que no caso foi o Fábio...
            Logo depois fomos nos deitar e fiquei pensando no que ela me disse e acho que a Manú até tinha alguma razão.
            Na realidade eu não conseguia parar de pensar na Manú e a minha razão gritava para que eu não me iludisse com ela. Logo veio à minha mente a imagens da mãe da Amália, com aquela bruxa dizendo que eu era um ninguém e que sua filha merecia um homem bem melhor que eu. Não pude deixar de fazer um paralelo com os olhares de desaprovação que a mãe da Manú me deu e pensar que a família da Manú deveria ser umas 100 vezes mais rica que a família da Amália e eu continuava sendo um ninguém.   
Foto 1 do Conto erotico: SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 38

Foto 2 do Conto erotico: SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 38

Foto 3 do Conto erotico: SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 38


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Comentários


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sexgrafia Comentou em 06/04/2025

Gostei muito!

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obetao Comentou em 06/04/2025

Logan30, muito obrigado pelo seu comentário e por acompanhar os meus contos.

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logan30 Comentou em 06/04/2025

Essa é uma das melhores histórias que já li no site em vários anos como leitor. Fora que a qualidade do texto é impecável. Parabéns e obrigado!




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Ficha do conto

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Nome do conto:
SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 38

Codigo do conto:
232638

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
05/04/2025

Quant.de Votos:
7

Quant.de Fotos:
3